Esse post foi baseado em um comentário que eu recebi no twitter (desculpa leitor mas eu não me lembro o seu nome, se manifeste nos comentários please!). O leitor queria saber se seu não achava que os dermatologistas estavam muito padronizados já que em todos os médicos que ele passava só eram receitados cosméticos industrializados e não mais as fórmulas para a manipulação como ele estava acostumado.
E ele tem razão, é cada vez maior a prescrição de produtos industrializado entre os dermatologistas. O principal motivo é o grande aumento na variedade de produtos disponíveis, impulsionados pelo crescimento da cosmetologia ou dermatologia estética.
A Dra Shirley Borelli escreve no seu livro “As idades da pele” (muito interessante, vale a pena para quem gosta do tema) que há poucas décadas só existiam dois cremes disponíveis no mercado, o Nivea e o C´Ponds (vovó feeelings) e que as pacientes muitas vezes traziam de fora cosméticos mais diferenciados. Pra acne as opções era Acnase e Minancôra (lembro até hoje do meu tio com a cara toda branca, hehe)
Isso mudou muito. Hoje existem várias linhas de dermocosméticos e de medicamentos para a pele produzidos por grandes marcas para os mais diferentes tipos de pele. Inclusive para as peles oleosas, que são a maioria no Brasil e que antes eram preteridas em função de produtos para a pele seca (especielamente os antienvelhecimento).
Então se não havia industrializados a opção era tentar manipular os cosméticos nas farmácias. Já hoje essa prática perdeu um pouco do sentido inicial que era a indisponibilidade dos produtos prontos.
Os dermocosméticos e os medicamentos para a pele industrializados tem uma série de vantagens em relação aos manipulados: estão sujeitos a uma fiscalização e a um controle de qualidade bem maior, investem na pesquisa de novos ingredientes, e principalmente tem uma vida útil beeem mais longa. Enquanto uma fórmula cosmética dura no máximo 2 meses os industrializados podem ter validade de até 2 anos. Isso devido ao processo de produção, da embalagem e especialmente aos conservantes mais potentes que são utilizados pelas indústrias.
Do lado dos manipulados está a personalização. Essa, a não ser que se tenha um tipo muito raro de pele (ou tão sensível que não suporta os industrializados mais leves ou tão resistente que mesmo os mais concentrados ainda são fracos para serem eficazes sendo necessária uma conentração mais alta de princípios ativos), é mais psicológica do que prática. É tentadora a idéia de que uma fórmula foi pensada especialmente para a sua pele, mas na prática as formulações também são bastante padronizadas. Não tem tanta alquimia: o médico prescreve fórmulas consagradas, que já foram testadas e tem evidências científicas para funcionar para determinado problema de pele.
Um exemplo de formulação que virou produto industrializado é o tri-luma. A fórmula que deu origem a esse medicamento (que como tal deveria ser vendido com receita médica) foi proposta pelo Dr. Kligman em 1975 para tratar manchas na pele. Ela foi prescrita como manipulado (na fórmula hidroquinona 4% , fluocinolona acetonida 0,01%, tretinoína 0,05%) durante muito tempo. Hoje vende nas farmácias comuns. Assim como essa, muitas fórmulas prescritas pelos dermatologistas no passado viraram produtos industrializados com as vantagens acima.
Um ponto realmente a favor dos manipulados é o preço, que tende a ser menor do que os de marca. Isso porque os laboratórios investem em marketing, pesquisas, embalagens, aromas gostosos e como já disse em conservantes mais fortes que são também mais caros. Mas o preço menor só compensa a segurança se o laboratório for realmente de confiança.
No final das contas eu penso assim: quem usa cosméticos manipulados e está dando certo com determinada farmácia de manipulação (claro que existem os estabelecimentos super sérios) não tem muito motivo para trocar para os de marca, mais caros. Só tomando os devidos cuidados com o prazo de validade. Já para quem está iniciando um tratamento de pele hoje eu optaria inicialmente pelos industrializados e só trocaria pela fórmula manipulada se realmente fosse necessário. E vocês o que pensam?
PS: Só agora em me toquei que na embalagem do acnase não tem uma espinha de peixe 🙂
